- Este evento já decorreu.
OJM – Orquestra de Jazz de Matosinhos
23 Abril 2022 | 21:30 – 23:00
A Orquestra Jazz de Matosinhos, criada em 1999 com o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos, é um laboratório permanente. Não esquece a tradição das grandes big-bands do passado, mas promove continuamente a criação, a investigação, a divulgação e a formação na área do jazz, cruzando a ambição internacional com o sentido de responsabilidade local.
Constituindo uma autêntica orquestra nacional de jazz, apresenta repertórios de todas as variantes estéticas e de todas as épocas do jazz, assumido-se como um fórum alargado de compositores e músicos, lançando pontes, estabelecendo parcerias e produzindo um repertório nacional específico para big-band contemporâneo, versátil e diverso.
Dirigida por Pedro Guedes e Carlos Azevedo, tem colaborado com nomes tão diversos como Maria Schneider, Carla Bley, Lee Konitz, John Hollenbeck, Jim McNeely, Kurt Rosenwinkel, João Paulo Esteves da Silva, Carlos Bica, Ingrid Jensen, Bob Berg, Conrad Herwig, Mark Turner, Rich Perry, Steve Swallow, Gary Valente, Dieter Glawischnig, Stephan Ashbury, Chris Cheek, Ohad Talmor, Joshua Redman, Andy Sheppard, Fred Hersh, Dee Dee Bridgewater, Maria Rita, Maria João, Mayra Andrade e Manuela Azevedo entre muitos outros.
A OJM tem atuado regularmente nas principais salas do país e também em Barcelona, Bruxelas, Milão, Viena, Nova Iorque, Boston e Marselha. Foi a primeira formação portuguesa de jazz a participar num festival norte-americano (JVC Jazz Festival, Carnegie Hall, em 2007), participou no Beantown Jazz Festival de Boston e realizou temporadas nos clubes nova-iorquinos Birdland, Jazz Standard, Jazz Gallery, Blue Note e Iridium.
Integra desde 2014 o cartaz do Voll-Damm Festival Internacional de Jazz de Barcelona.
A discografia da OJM começou a ver a luz do dia em 2006 e é o reflexo de algumas das suas colaborações mais sólidas. Depois de Orquestra Jazz de Matosinhos Invites: Chris Cheek (Fresh Sound New Talent), surgiu Portology (Omnitone), com Lee Konitz como compositor e solista principal. Da colaboração com o guitarrista Kurt Rosenwinkel resultou a gravação de Our Secret World (WomMusic, 2010), lançado nos EUA e em Portugal. Em 2011 foi editado o álbum com a cantora Maria João, Amoras e Framboesas (Universal Music). Em 2013 surgiu Bela Senão Sem (TOAP), com arranjos originais sobre a música do pianista João Paulo Esteves da Silva. Em 2014 foi editado o álbum Jazz Composers Forum: today’s european-american big band writing (TOAP), trabalho que resultou da gravação de oito encomendas feitas a oito compositores, quatro americanos e quatro europeus, para o ciclo de concertos com o mesmo nome.
O CONCERTO
Foi uma honra receber, em Santa Comba Dão, a Orquestra Jazz de Matosinhos (OJM), nos 25 anos desta formação de referência. Para um público eclético e marcadamente intergeracional, presente na noite de 23 de abril, na Casa da Cultura, gerou-se um raro momento de comunhão artística, num concerto que “trouxe composições de dois nomes que se revelaram fundamentais na história da orquestra mas também na transformação do meio jazzístico nacional: Pedro Guedes e Carlos Azevedo”.
Dois compositores que, nas palavras de Manuel Jorge Veloso, assumiram a OJM “como uma espécie de workshop dinâmico no qual é possível experimentar os mecanismos da composição e da instrumentação”.
Na Casa da Cultura, a OJM – dirigida por um dos fundadores, Pedro Guedes – deixou fortemente impressa a sua identidade sonora. Em palco foi explorada toda a abrangência tímbrica, o impacto e a expressividade de um reportório de autor – original, que aliou composições de inspiração mais clássicas e outros marcadamente experimentais.
Naquele que foi, assumidamente, um dos concertos em destaque no Festival de Música e Artes do Dão (FMAD), assistiu-se a um diálogo ritmado entre os vários instrumentos – trompetes, saxofones, trombones, piano, bateria, guitarra e contrabaixo – com uma linha de composição original, assente em jogos de construção, desconstrução e reconstrução.
Na apresentação das peças que preencheram este momento, Pedro Guedes sustentou que a OJM prossegue o rumo, definido aquando da fundação, enquanto ‘orquestra de jazz de autor’, ou não fosse assumida como um ‘laboratório de experimentação’.
O concerto foi preenchido por temas de momentos diferentes da vida da orquestra: XX2, BJO e Farol, de Carlos Azevedo, e Peça em Peças, Sargaço e Som e Exposição (com os andamentos Branco, Ruído Branco; Madeira Caiada com Gelo; Amarelo, Talvez) da autoria de Pedro Guedes.
Ovacionados em pé, os músicos deixaram, naquele que foi o último andamento da peça Som em Exposição uma forte impressão sensorial no público, provocada por uma cadência musical que se poderia associar a uma viagem em mar alto, durante a qual momentos de calmaria foram alternados com episódios de tempestade e caos, sempre com uma esperança sonora de retorno.
Durante o espetáculo, Pedro Guedes apresentou a orquestra, composta por jovens músicos, agradecendo o convite do Conservatório para estar presente no FMAD. Afirmou, ainda, ter ficado impressionado, ao passear pela cidade, com o papel que a música tem na vida dos jovens e da comunidade santacombadense. “Há música a acontecer” reiterou, destacando a importância da presença de muitas crianças no público, o que – de acordo com Pedro Guedes – é já fruto desse investimento na cultura musical e na educação artística.
Sobre a importância do investimento na cultura, o maestro fundador da OJM deu o exemplo do apoio que a Orquestra recebe, desde o primeiro momento, da Câmara Municipal de Matosinhos – “um apoio sustentado” que considera fundamental para a criação cultural.
O FMAD prossegue no fim-de-semana de 14 e 15 de maio com a Masterdão – iniciativa composta por três concertos e várias masterclasses, que tem como objetivo propiciar uma imersão artística entre alunos, músicos e professores.